Mais do que chamar a atenção sobre a forma como o agronegócio é abordado em livros didáticos usados no Brasil, o relatório “O retrato do agronegócio na escola” serve para evidenciar oportunidades para o setor ser citado de forma mais assertiva na rede de ensino do país.

Nesse sentido, o material, que foi recentemente divulgado a partir da parceria do projeto De Olho no Material Escolar com a Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA-USP), destaca três ações que podem ser implementadas com o intuito de apresentar informações precisas sobre o agro na sala de aula.

Um ponto que o projeto reforça é a necessidade de se dar mais espaço à atuação de profissionais do campo em materiais didáticos. Assim, os responsáveis pelo relatório acreditam que ficará evidente aos estudantes a importância dos produtores rurais — e do agronegócio como um todo — na economia brasileira.

Outro ponto que pode servir com ação em prol da atividade rural no país é a questão do processo de sucessão familiar. Os responsáveis pelo “O retrato do agronegócio na escola” apontam que, com a questão sendo devidamente registrada em futuros livros didáticos, os jovens podem se sentir mais atraídos pelo campo, além de compreender a relação do ambiente rural com a cidade.

Livros didáticos: como abordar o agronegócio

Foto: O retrato do agronegócio na escola/reprodução

Confira, abaixo, a íntegra das três conclusões registradas pelas equipes do De Olho no Material Escolar e da FIA-USP. Ponderações que, conforme registram, podem se tornar ações em prol da valorização do agronegócio em livros didáticos usados nas salas de aula espalhadas por todo o Brasil.

1 — Precariedade de embasamento científico

Análises realizadas mostraram a ocorrência de imperfeições pedagógicas, bem como vieses de natureza política ou ideológica. Estes não deveriam estar presentes nos textos didáticos, uma vez que os materiais teriam como propósito incentivar o espírito científico dos leitores, formar opiniões independentes, atitudes e valores compatíveis com os saberes das ciências.

2 — Falta de valorização do papel do produtor rural e da agroindústria na economia do país

No resultado geral, identificou-se diminuição do espaço do produtor rural e do agro na agenda econômica e de desenvolvimento do Brasil.

3 — Falta de entendimento sobre a conexão do campo com a cidade: riscos à sucessão pela falta de atratividade do setor rural, sobretudo, entre os jovens

Existe a possibilidade de se evidenciar mais no material didático a conexão campo-cidade, preparando o jovem para visão mais sistêmica da cadeia da agroindústria. Isso deve ser considerado até numa dimensão de sucessão no setor, visto o exemplo de outros países, que passam por dificuldades na formação [de produtores rurais].

canalrural.com.br 27/03/2023