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Cosméticos na agroindústria

Cosméticos na agroindústria

O Brasil possui um diferencial internacionalmente reconhecido, o papel da biodiversidade nacional na produção de cosméticos, sendo um grande ‘celeiro’ de matéria-prima

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As matérias-primas provenientes de fontes naturais e sustentáveis permitem o desenvolvimento de cosméticos diferenciados, que geram negócios, concomitantemente, nas indústrias e na agricultura. Se o Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo, englobando em seu território seis biomas diferentes, destaca-se de forma significativa na área de pesquisas e já faz uso do que existe de mais moderno e tecnológico no mercado cosmético, é possível avaliar sua importância singular nesse setor.

A humanidade se utiliza das propriedades curativas, higienizadoras e cosméticas das plantas desde a antiguidade. Durante milhares de anos, folhas, raízes, extratos, óleos e seivas foram explorados, trabalhados e consumidos de várias formas nos cuidados pessoais e de saúde.

Em tempos mais atuais, a industrialização trouxe uma infinidade de avanços aos setores farmacêutico e cosmético, quando foram inseridas substâncias sintéticas às formulações dos produtos.  E, acompanhando os movimentos circulares costumes e tendências globais, empresas e consumidores de hoje se preocupam mais com a qualidade do que ingerem e aplicam em suas peles, voltando assim a apostar no poder dos ativos naturais.

Só para ilustrar essa ideia, de acordo com um estudo da Grand View Research, o mercado de cosméticos naturais, a nível global, deve atingir o valor de 48 bilhões de dólares até 2025, um aumento de 5,01% em comparação a 2019. Acredita-se que este movimento se dá por uma preocupação atual, especialmente das novas gerações, com os ingredientes que são usados nos produtos que são consumidos. E isso envolve tanto os impactos ambientais que os ingredientes usados podem trazer quanto a preocupação com o que entrará em contato direto com a pele de quem consome. O nicho de cuidados com a pele – skincare – é o que mais lucrou: cerca de U$10,31 bilhões em 2018.

Exportações de cosméticos

Mas, voltando aos números desse mercado em pleno crescimento, vamos lembrar que, para o comércio exterior, não há uma diferenciação explícita entre cosméticos sintéticos e naturais. Dessa forma, analisando os dados do setor, o Brasil é o 41º país em exportações de produtos de beleza, de maquiagem ou cuidados da pele, tendo comercializado mais de 91 milhões em 2019. Os primeiros cinco países nesse setor são: França, Cingapura, Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão, respectivamente. Já dentro das exportações brasileiras, especificamente para cremes de beleza, cremes nutritivos e loções tônicas, os principais países de destino foram latino-americanos: Argentina, México, Colômbia, Chile e Peru, respectivamente.

Ainda que o Brasil não esteja entre os principais países do setor, há uma diferença reconhecida internacionalmente: o papel da biodiversidade nacional na produção de cosméticos. Somos o país com a maior biodiversidade do mundo, englobando em seu território seis biomas diferentes.

Atualmente, há 600 plantas catalogadas que são usadas pela indústria de cosméticos, e estão sendo desenvolvidas pesquisas com mais de mil outras. Nas palavras do gerente de desenvolvimento do LNBio – Laboratório Nacional de Biociência – temos um mercado para produtos naturais com grandes oportunidades de desenvolvimento, inovação e geração de negócios. E para a gerente de Negócios da Beraca, companhia que fornece insumos naturais para empresas de cosméticos, as matérias-primas provenientes de fontes naturais e sustentáveis permitem o desenvolvimento de cosméticos diferenciados, sempre de acordo com o que existe de mais moderno e tecnológico nesse mercado.

Segundo o panorama do setor feito pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) em 2019, a exportação foi significativa, visto que o mercado de higiene e beleza no Brasil conta com 2.794 empresas (números relacionados ao ano do estudo).

Da planta ao produto cosmético – Insumos e processos agroindustriais

Dentre os vários projetos da Embrapa, a produção de frutas e de plantas aromáticas e condimentares apresentam usos variados, que vão desde a aplicação na agricultura como repelentes de pragas até a utilização de óleos essenciais em produtos industriais como medicamentos e cosméticos. Elas estão, portanto, muito presentes na vida das pessoas, ainda que poucos saibam disso.

O manjericão, por exemplo, tem outras aplicações que extrapolam o universo gastronômico como o emprego do óleo essencial nas indústrias de cosméticos e de fragrâncias. Em razão das propriedades antimicrobianas e repelentes, o óleo essencial também tem serventia como ingrediente de fórmulas utilizadas na agricultura para prevenir insetos em lavouras ou conservar alimentos após a colheita.

“Há muitas plantas que, além de compor o aroma e o sabor de diversos pratos, são fontes de princípios ativos utilizados em medicamentos, e matéria-prima de cosméticos, perfumes e produtos de limpeza ou higiene pessoal”, comenta o agrônomo Warley Nascimento ao pontuar a importância de incentivar e ampliar as pesquisas científicas.

Por outro lado, plantas como vetiver, malva, lavanda e capim-limão têm espaço garantido na perfumaria, assim como as flores gerânio, capuchinha e amor-perfeito, que além das notas em perfumes ou águas de colônia, ocupam um nicho restrito na gastronomia gourmet. 

“O cultivo de plantas aromáticas e condimentares e a extração de óleos essenciais apresentam uma possibilidade muito interessante de entrada em um mercado em expansão atendido basicamente por importações”, indica a bióloga Lenita Haber ao relatar que países vizinhos como Peru e Chile estão entre os grandes fornecedores da indústria nacional. De acordo com ela, embora possua um grande potencial de produzir esses insumos de alto valor agregado, atualmente, o Brasil se destaca somente na exportação de óleo de laranja e outros cítricos.

A erva-mate é outra planta que, considerando sua rica composição química, encerra grande potencial de inovação que deve ser explorado para o desenvolvimento de novos produtos, permitindo sua aplicação tecnológica nas indústrias de saúde e beleza.

E ainda pensando em aditivos naturais, o uso do pepino gelado na região dos olhos tem efeito vasoconstritor e ação clareadora da pele. Já o óleo de coco e a babosa podem ser aplicados na pele e no cabelo com o intuito de restauração e hidratação. Existe o desodorante feito de manteiga e óleo vegetais, óleo essencial e bicarbonato, o protetor solar oleoso e o batom, à base de manteiga de cacau e tintura natural de hibisco.

A jabuticaba, de acordo com pesquisadores da Embrapa Embrapa Agroindústria, pode ter sua casca, polpa e caroço transformados em diferentes ingredientes e insumos a serem utilizados em muitos setores da indústria, como fármacos e cosméticos.

Pesquisas científicas do Estado do Amazonas mostram extratos do jucá (Libidibia ferrea), maracujá do mato (Passiflora nitida), piquiá (Caryocar vilosum) e breu-branco (Protium sp.), frutas e plantas amazônicas apresentam substâncias bioativas e podem ser aplicadas na indústria cosmética. A pesquisa, apoiada pela Fapeam, analisou cerca de 400 extratos de plantas e frutas amazônicas. Desse total, as quatro, citadas acima, apresentaram potencial antioxidante e na redução da obesidade.

Além dos impactos ambientais positivos, com o maior aproveitamento das riquezas naturais brasileiras, a agroindústria de produtos cosméticos pode fazer deslanchar mais um player de sucesso no país.

Fonte: Redação MAB

mundoagrobrasil.com.br 06/05/2022

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