Caroço de açaí pode virar combustível verde para avião
O Instituto Margem Equatorial, lançado esta semana no Amapá. vai estudar o potencial de produção de combustível sustentável de aviação a partir do caroço do fruto amazônico
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O Amapá, conhecido por suas riquezas naturais e pela abundância do açaí, está prestes a se tornar um polo de inovação em energia sustentável com a criação do Instituto Margem Equatorial (IMEQ).
Lançado recentemente pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), o IMEQ promete transformar resíduos do caroço do açaí em combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), um passo significativo para a sustentabilidade e a economia local.
O IMEQ, cuja inauguração está prevista para 2025 durante a COP 30, que acontecerá em Belém, surge com o propósito de resolver um dos maiores desafios ambientais do Amapá: o descarte inadequado do caroço de açaí.
Atualmente, o caroço é descartado nos rios, causando impactos negativos como alagamentos e danos ao ecossistema. Ao transformar esse resíduo em SAF, o instituto não só mitigará esses problemas, mas também criará uma nova fonte de riqueza e emprego para a região.
Segundo o senador Davi Alcolumbre, um dos principais articuladores do projeto, a criação de uma planta semi-industrial para o beneficiamento do caroço de açaí representa um avanço crucial para a sustentabilidade.
“Vamos resolver um problema ambiental e, ao mesmo tempo, gerar riqueza para as pessoas”, afirmou o senador durante a cerimônia de lançamento.
A ciência a favor da economia local
O projeto do IMEQ é especialmente relevante para o Amapá, onde a produção de polpa de açaí é uma das principais atividades econômicas.
De acordo com Rodrigo Mello, diretor do ISI-ER, o caroço de açaí foi identificado como uma excelente fonte de carbono de origem biológica, o que o torna um material promissor para a produção de combustíveis sustentáveis.
“Estamos fortalecendo uma atividade econômica vital e, ao mesmo tempo, criando uma nova fonte de receita com o combustível avançado”, explicou Mello.
O IMEQ adotará um modelo de operação multi-institucional, envolvendo universidades, institutos de pesquisa, e empresas interessadas em desenvolver soluções inovadoras e sustentáveis.
A ideia é que o instituto se torne um centro de conexão entre pesquisadores do Brasil e do mundo, contribuindo para o desenvolvimento não só do Amapá, mas de toda a Margem Equatorial brasileira.
Antonio Medeiros, coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do ISI-ER, destacou o papel do IMEQ como um centro avançado de tecnologia estratégica, dada a importância geográfica e ambiental da Amazônia.
“Queremos contribuir com uma transição energética justa, que promova o desenvolvimento e melhore a qualidade de vida”, frisou Medeiros.
Pantas-piloto de hidrogênio e biogás
O Instituto Margem Equatorial também se concentrará no desenvolvimento de outras tecnologias, como plantas-pilotos para produção de hidrogênio e bioprocessos para a transformação da biomassa amazônica em combustíveis do futuro, incluindo bio óleo e biogás.
Além disso, o IMEQ pretende criar programas educacionais de alto nível, capacitando profissionais locais para atuarem na nova economia verde.
Jean Paul Prates, ex-senador e ex-presidente da Petrobras, enfatizou a importância estratégica do IMEQ para o Amapá e para o Brasil.
“O Instituto coloca o Amapá como capital nacional da Margem Equatorial e como ponto estratégico para o desenvolvimento sustentável da região”, disse ele.
Com investimentos de R$ 14,3 milhões e o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de emendas parlamentares, o IMEQ promete ser um marco na transição energética do Brasil, integrando inovação, sustentabilidade e desenvolvimento regional.
Fonte: Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN)
alavoura.com.br 10/09/2024
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