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Embrapa vai medir emissão de metano de bovinos em Mato Grosso

Embrapa vai medir emissão de metano de bovinos em Mato Grosso

Pesquisadores querem comparar dados locais com os do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima

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A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), unidade Agrossilvipastoril, localizada em Sinop (MT) anunciou hoje (28) que deu início às avaliações para mensurar a emissão de metano entérico por bovinos em diferentes sistemas produtivos de criação de gado a pasto criado no estado. De acordo com a Embrapa, a obtenção desses dados nos diferentes sistemas é o passo que falta para se fechar o balanço de emissões de gases causadores de efeito estufa na ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta).

A medição de metano, usando metodologia de cangas e hexafluoreto de enxofre (SF6), começou neste mês de março, com cinco dias de coleta durante o verão. Uma nova coleta está prevista para o fim de abril/início de maio, na transição do período chuvoso para o seco. Outras duas coletas ocorrerão no inverno seco e na primavera, quando retornam as chuvas.

Inicialmente estão sendo medidas as emissões em vacas de leite da raça girolando. A opção por esta categoria se deu pela maior facilidade de manejo e pela docilidade dos animais. As vacas já estão acostumadas a ir ao curral duas vezes ao dia, permitindo a troca e verificação das cangas. Mas os dados da pesquisas miram a maior atividade pecuária do estado, o gado de corte, que a instituição pretende implementar em um segundo momento. Com 30 milhões de bovinos, equivalente a 14% do rebanho nacional, o Mato Grosso é o maior produtor de carne do Brasil. Se fosse um país, o estado estaria em sexto lugar no ranking global.

As avaliações contemplam vacas em quatro diferentes sistemas silvipastoris, com níveis variados de sombra. O Comitê de Ética Animal da Embrapa Agrossilvipastoril não autorizou que a pesquisa fosse feita com vacas em sistema de pasto a pleno sol. De acordo com o pesquisador responsável pela pesquisa, Alexandre Nascimento, a expectativa é que no fim do ano já seja possível ter informações para cruzamento com os dados sobre emissões de gases pelo solo e as taxas de sequestro de carbono no solo e nas árvores.

“Até o início do ano que vem esperamos ter a quantidade de carbono equivalente emitida por kg de leite produzido”, afirma Nascimento. “Pode ser um número maior ou menor do que aquele utilizado pelo IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima], mas será um número nosso. Medido em nossa realidade de criação a pasto em uma região tropical no Brasil.”

Atualmente os dados usados para elaboração de relatórios de emissões dos países são aqueles gerados em países com as pesquisas mais avançadas. A maioria deles localizados em regiões temperadas. Dessa forma, o próprio IPCC incentiva que cada país mensure as emissões de seus sistemas produtivos por meio de pesquisas científicas.

Embrapa – Parcerias para pesquisa na pecuária


No Brasil a Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Carlos (SP), e que é parceira na realização da pesquisa em Mato Grosso, foi pioneira na utilização desta metodologia de avaliação. O uso das cangas com hexafluoreto de enxofre traz maior liberdade e facilidade na coleta dos dados em criação a pasto. Diferentemente do uso de aparelhos como o GreenFeed, que demandam que o animal vá até o cocho para que a emissão seja medida. Os dados obtidos em Sinop poderão ser comparados com dados obtidos em São Carlos.

A Embrapa Agrossilvipastoril pretende realizar as mesmas mensurações em gado de corte. Porém, para isso busca instituições parceiras. Devido aos animais serem mais ariscos, será necessário mais tempo e maior disponibilidade de mão-de-obra, uma vez que é preciso acostumar os animais com o manejo diário antes de colocar as cangas.

“Com essa pesquisa, nós inauguramos uma frente importante de pesquisas relacionadas ao metano entérico. Poderemos avaliar diferentes categorias animais e também o efeito da dieta adotada na emissão do gás”, explica Nascimento.

O metano é um dos três principais gases causadores do efeito estufa emitidos pela atividade agropecuária, ao lado do gás carbônico (CO2) e óxido nitroso (N2O). Em 2021, durante a Conferência do Clima realizada em Glasgow, na Escócia, foi assinado um acordo entre as partes para redução imediata das emissões desse gás. A pecuária é a atividade que mais emite metano por causa do processo de fermentação entérica que ocorre no rúmen dos bovinos.

Entenda como é técnica de medição de metano


Para medir as emissões, uma cápsula com hexafluoreto de enxofre (SF6) é inserida no rúmen da vaca. Previamente sabe-se a quantidade desse gás emitida diariamente pela cápsula.

Em seguida a canga é colocada presa a um cabresto. Nela há uma câmara de vácuo da qual sai um dreno posicionado próximo à boca e focinho do animal. A pressão negativa suga os gases emitidos e os leva para dentro da câmara. Após 24 horas a canga é trocada e o gás contido nela pode ser analisado em cromatógrafo gasoso.

Nesta pesquisa são medidas as quantidades de metano, hexafluoreto de enxofre e gás carbônico. Sabendo-se a quantidade de SF6 liberada diariamente, é possível comparar com a quantidade medida e essa taxa é extrapolada para os demais gases. (Com Embrapa)

Por Forbes

mundoagrobrasil.com.br 29/03/2023

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