Leitões em foco: principais cuidados antes do período de desmame
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Um dos pontos críticos na suinocultura é a produção de leitões. Devido a fragilidade dos leitões ao nascimento, perdas significativas podem ocorrer durante esse período.
Mas como reduzir as taxas de mortalidade e promover o desenvolvimento de leitões de qualidade?
A produção de leitões saudáveis e que apresentem bons índices zootécnicos começa com uma matriz saudável e isso inclui:
Boa genética de linha materna;
Atenção cuidadosa à nutrição da matriz, adaptada as fases da gestação;
Controle de parasitas, patologias e sanidade;
Gerenciamento do ambiente, com redução do estresse, aclimatação das porcas ao contato humano, ajuste de temperatura, velocidade do ar e umidade;
Transferência para a maternidade 3-7 dias antes da data prevista de parto.
Cuidados específicos com os leitões neonatos
Imunidade
Os leitões nascem imunologicamente desprotegidos. A placenta suína é do tipo epiteliocorial e não permite a transferência de anticorpos e células do sistema imune da porca para sua prole durante a vida intrauterina.
Devido a essa especificidade placentária deve-se ter atenção ao ambiente no qual o leitão será inserido ao nascer. As baias da maternidade devem ser limpas, secas e desinfetadas. É importante que antes da entrada das porcas na maternidade o espaço tenha passado por limpeza criteriosa, desinfecção e vazio sanitário.
Colostro
Outro ponto crucial para a sobrevivência dos leitões neonatos é a ingestão do colostro. O colostro é secretado durante os primeiros 2-3 dias e sua composição é consideravelmente diferente do leite. Ele possui maior porcentagem de sólidos totais e proteínas do que o leite. O maior teor de proteína do colostro é devido ao seu alto teor de imunoglobulinas (IgG), sobretudo nas primeiras 24 horas, que ajudarão na defesa imunológica dos leitões neonatos.
Principais agentes de imunidade presentes no colostro:
Imunoglobulinas (IgG)
Macrófagos e neutrófilos
Linfócitos
Fatores imunomoduladores
Citocinas
A função imunológica do colostro é transferir, de forma passiva, a imunidade da porca para os leitões. Seja essa imunidade adquirida devido à exposição natural a patógenos, ou por meio da vacinação da porca durante a fase final de gestação.
A ingestão do colostro deve ocorrer rapidamente após o nascimento para garantir a transferência da imunidade passiva. É indicado que a primeira mamada ocorra entre 10 e 30 minutos após o nascimento, tanto para atender à demanda energética dos leitões, quanto para atender à função imune.
Essa urgência em garantir a ingestão do colostro se dá pela gradativa redução na capacidade do intestino dos leitões em absorver as imunoglobulinas intactas. A permeabilidade da mucosa vai declinando a partir do momento do nascimento e é mínima em 48h.
Porém, é importante destacar que a qualidade do colostro em termos de concentração de imunoglobulinas é também reduzida no decorrer do tempo. Por exemplo, no momento do parto o colostro possui aproximadamente 95,6mg/ml de IgG e, após apenas 6h do parto, essa quantidade cai para 32,1mg/ml.
Exigências nutricionais
Além da clara importância da ingestão do colostro nas primeiras horas após o nascimento, os produtores também precisam se atentar para a ingestão de leite. O leite da porca, em relação ao colostro, possui mais gordura e lactose.
Nos últimos anos, a melhoria da genética e constante adaptação da nutrição às necessidades dos animais, propiciaram o aumento da produção de leite. Porém, também houve o aumento do número de leitões nascidos em cada leitegada.
A produção de leite da porca normalmente se estabiliza em cerca de 12-16 dias de lactação, indicando que não haverá nutrientes suficientes para sustentar o crescimento máximo do leitão. Sendo assim, há necessidade de se incluir a alimentação suplementar para atender às necessidades nutricionais dos leitões.
São diversos os benefícios do fornecimento de ração para os leitões antes do período do desmame. Abaixo, os principais benefícios:
Reduz o estresse do leitão no momento do desmame, o leitão já reconhece o alimento;
Estimula o crescimento intestinal, promovendo a formação de novos enterócitos;
Supre as necessidades nutricionais que não são totalmente preenchidas pelo leite;
Induz a secreção de enzimas digestivas e estimula a secreção de ácido clorídrico no estomago.
A ração destinada apenas aos leitões pode ser oferecida em comedouros no interior do escamoteador, ou em local afastado da traseira da matriz para não ocorrer contaminação por dejetos. A consistência da ração pode ser tanto seca, quanto pastosa.
A alimentação pré-desmame pode contribuir para que o ganho de peso ao desmame seja satisfatório.
O fornecimento de ração poderá ocorrer a partir dos cinco dias de idade. Os leitões começam a mordiscar a comida quando têm cerca de uma semana de idade e, com duas a três semanas já começarão a consumir ração.
Vale destacar que a ração deve apresentar alta digestibilidade e palatabilidade, ser rica em proteína, energia, vitaminas e minerais e, com baixo teor de fibras.
Além da constituição nutricional da ração, deve-se atentar para sua apresentação e manejo. Leitões são atraídos para a ração fresca e, para isso, é recomendado fornecer pequenas quantidades de ração ao longo do dia, retirando diariamente os restos de ração que ficarem no comedouro.
Além do consumo de alimento, o consumo de água também é fator crucial para o sucesso do desenvolvimento dos leitões. Os animais devem ter acesso contínuo a água fresca e de qualidade. Lembre-se, o consumo de água é correlacionado ao consumo de alimento, leitões que bebem mais água consomem mais alimento.
Foto 1. Regulagem correta da altura do bebedouro (A) e regulagem incorreta (B). Nota-se a dificuldade de ingestão de água pelo leitão B.
Ambiente
Assim como a maioria dos animais, ao nascimento, os leitões possuem o sistema termorregulatório imaturo, ou seja, os leitões não conseguem manter sua temperatura corporal adequadamente. Além disso, eles possuem superfície de contato com o ambiente relativamente grande, baixa reserva energética e baixa porcentagem de gordura subcutânea, entre 1 e 2%.
A soma desses fatores confere aos leitões baixo isolamento térmico, que em conjunto com o sistema termorregulatorio imaturo torna imperativo a criação de um ambiente termicamente adequado aos leitões.
A zona de conforto térmico do leitão recém-nascido é de aproximadamente 32°C, com limite critico inferior de 29°C.
Para criar um ambiente térmico adequado, especialmente em épocas mais frias do ano é necessário o fornecimento de calor suplementar para os leitões. Esse aquecimento extra pode ser conseguido com o uso de uma fonte de calor, que pode ser uma lâmpada, tapete ou piso aquecido, ou campanulas, por exemplo.
As fontes de calor suplementar podem ser disponibilizadas dentro do escamoteador e também na área em que os leitões permanecem para mamar, ao lado da porca. Importante observar a posição e intensidade do calor suplementar para que não gere queimaduras, ou estresse por calor na porca.
Manejo
Ao nascimento os leitões devem ser limpos e secos imediatamente, para evitar perda de calor. Devem ser retirados os líquidos fetais e as membranas que envolvem os leitões ao nascimento, preferencialmente com toalha de papel descartável ou pó secante.
Esse manejo tem dois principais objetivos:
auxiliar na manutenção da temperatura dos leitões, evitando a perda de calor e consequente hipotermia;
evitar sufocamento, que pode ser causado pelas membranas fetais ao obstruir o trato respiratório.
Outro procedimento a ser realizado nos leitões neonatos é o corte do cordão umbilical. O cordão deve ser amarrado, cortado com tesoura desinfetada e mergulhado tintura de iodo ou iodo glicerinado.
O leitão recém-nascido tem três necessidade básicas a serem atendidas, ambiente adequado, nutrição e proteção contra doenças e esmagamento
Ferro
O ferro é necessário para prevenção da anemia em leitões. A anemia ferropriva, que é a anemia por deficiência de ferro, desenvolve-se rapidamente em leitões lactentes devido a diversos fatores, como:
baixas reservas de ferro no organismo do leitão recém-nascido;
baixo teor de ferro no colostro e no leite da porca;
falta de contato com o ferro do solo;
rápida taxa de crescimento dos leitões.
A anemia por deficiência de ferro pode ocorrer dentro de 7 a 10 dias após o nascimento.
O ferro pode ser administrado por via injetável ou por via oral. A administração injetável é preferida, pois o ferro administrado por via oral não é tão bem absorvido pelos leitões. O ferro oral também pode predispor alguns leitões a problemas de doença entérica, pois é um nutriente necessário para o crescimento de microrganismos no trato digestivo do leitão. Além disso, o ferro oral pode não ser absorvido em leitões com diarreia.
A administração do ferro para os leitões deve ocorrer entre um e três dias de idade. É recomendado a administração de 200 mg de ferro em uma única dose para leitões de um a três dias de idade. Leia atentamente o rótulo para saber a concentração de ferro do produto que está usando. A superdosagem de ferro pode ser tóxica.
agroceresmultimix.com.br 05/01/2023
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