Polinização inadequada significa prejuízo
A polinização é o ato sexual das plantas. As plantas partenocárpicas frutificam sem fertilização, porém, para as demais, sem polinização não há fertilização, logo não há sementes e, normalmente, não há frutos também.
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Alguns cultivos, em especial frutíferas, são dependentes de polinização animal, em especial por abelhas. Quando há déficit de polinização, a produção cai. Em um primeiro instante, o produtor perde dinheiro por produzir menos. No segundo instante, pode até se reequilibrar, porque o preço sobe. Mas, com polinização insuficiente, o consumidor sempre pagará preço maior pelo produto.
As principais causas atuais do déficit são:
perda do habitat dos polinizadores, pelo avanço da agricultura, das cidades, estradas ou indústrias sobre a vegetação nativa;
pragas que atacam os polinizadores, efetuando seu controle biológico, tão importante para controlar pragas agrícolas, mas totalmente indesejável quando mata polinizadores;
mudanças climáticas globais, que afetam tanto o polinizador diretamente quanto suas fontes de alimentos; d) operações agrícolas adversas, especialmente uso inadequado de pesticidas.
O déficit de polinização é um problema atual, que tem sido potencializado pelo volume crescente da produção agrícola e pelo agravamento das causas de déficit. Esse fato tem fomentado grandes negócios de empresas que se dedicam a produzir polinizadores e vendê-los a agricultores – como se vende adubo ou semente. É a chamada polinização assistida.
Soluções
O desafio é enorme, mas não intransponível. O problema é global e a solução também, mas cada país, cada agricultor, precisa fazer sua parte, com ações que garantam as melhores condições possíveis para os polinizadores atuarem, auxiliando a obter alta produtividade na agricultura.
Há duas ações principais pelas quais os agricultores podem auxiliar os polinizadores. A primeira dela é mantendo e preservando áreas de vegetação que sirvam de abrigo e local de coleta de recursos pelos polinizadores. A presença de plantas que favoreçam os polinizadores nas áreas de reserva legal e de proteção permanente é fundamental para atingir esse objetivo.
A segunda ação é a adequação do controle de pragas, de maneira que, ao tempo em que as pragas sejam controladas, os polinizadores não sejam prejudicados. Para tanto é importante seguir, rigorosamente, as indicações dos programas de manejo de pragas, diversificando os métodos de controle. E, quando houver necessidade de aplicação de inseticidas químicos, deve-se atentar para as recomendações da tecnologia de aplicação, de forma a evitar qualquer deriva para as áreas onde os polinizadores se abrigam.
Por Décio Luiz Gazzoni, Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Científico Agro Sustentável
Fonte: CCAS
Portal do Agronegócio 11/01/2023
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