Em meio ao vasto bioma do Cerrado, a Cerrado Blue, empresa fundada por Edvaldo da Silveira, está desbravando novas fronteiras no cultivo de mirtilo.

Localizada na Rota do Cavalo, em Sobradinho, a empresa se destaca na produção de mirtilos de alta qualidade, desenvolvendo uma linha de produtos derivados, como geleias e sucos.

Desde janeiro, a Cerrado Blue tem se dedicado ao cultivo do mirtilo, com sua primeira colheita iniciada em junho do ano passado. 

“Nós plantamos mirtilo em janeiro e começamos a produzir a partir de junho. Desenvolvemos produtos como a geleia e o suco de mirtilo,” contou Edvaldo à Revista A Lavoura, durante a AgroBrasília 2024. 

A empresa marcou presença no evento no stand da Emater-DF, destacando o potencial do mirtilo para a região do Distrito Federal.

“O que temos observado é que nossa janela de produção é bem extensa. Podemos produzir mirtilo aqui em Brasília, no DF, por cerca de sete meses,” explica Edvaldo, ressaltando a vantagem competitiva da região.

Uma das estratégias da Cerrado Blue envolve o manejo controlado da produção para manter a qualidade dos frutos.

“O mirtilo, se deixado naturalmente, pode produzir o ano todo, mas comercialmente não é viável. Fazemos uma poda drástica para preparar a próxima safra,” diz Edvaldo. 

Essa técnica permite que a empresa mantenha um período de colheita prolongado, atendendo às demandas de exportação com frutos de qualidade superior, com alto teor de açúcar e tamanho significativo.

Na propriedade da Cerrado Blue, já foram colhidos mirtilos com diâmetro de até 28 milímetros, quase 3 centímetros, demonstrando o potencial de crescimento e produtividade no Cerrado.

Futuro promissor para o mirtilo no Cerrado

O sucesso da Cerrado Blue não só abre novas perspectivas para a agricultura no Cerrado, mas também coloca o Distrito Federal no mapa da produção de mirtilos de qualidade.

“Esse é o potencial do mirtilo aqui para o DF e para o entorno. É o mirtilo do Cerrado,” finaliza Edvaldo.

A produção do mirtilo ainda tem pouca visibilidade no Brasil e é uma oportunidade de renda para o pequeno produtor na região. A fruta possui alto teor de oxidantes naturais e rica em vitaminas e minerais.

Hoje, com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), são mais de 2 mil mudas plantadas em 2,5 mil metros quadrados.

Os saborosos sucos de mirtilo produzidos pela Cerrado Blue. Foto: A Lavoura

A entidade tem nove produtores de mirtilo cadastrados, oito dos quais com o plantio em formação.

Com isso, existe uma expectativa de produção de cerca de 48 toneladas de mirtilo para serem comercializadas já em 2025. A média de produção por hectare é de 16 toneladas.

O espaço da Emater-DF na AgroBrasília 2024 contou com o Circuito da Fruticultura, abordando a implementação de pomares e a diversificação de cultivos, que além do mirtilo, incluem outras berries como framboesa, amora e o açaí.

“Estamos olhando para o futuro e para o desenvolvimento rural sustentável do campo e das pessoas que nele vivem”, disse o presidente da Emater-DF, Cleison Duval, destacando a importância de agroindústrias nas propriedades rurais como uma alternativa possível para agregar valor aos produtos rurais. 

Segundo Osvaldo Yamanishi, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (UnB), Brasília possui características propícias ao cultivo da fruta.

“A amplitude térmica — temperaturas altas de dia e baixas de noite — são favoráveis à produção”, explicou.

Além disso, o produtor deve estar atento ao substrato (local onde o pé é plantado), que necessita de nutrientes específicos.

Já o coordenador do Programa de Fruticultura da Emater-DF, Felipe Camargo, adianta que o Distrito Federal é um mercado consumidor potencial. 

“Temos uma população interessada em consumir produtos de alto valor agregado e nutricional, e o mirtilo pode ser uma boa aposta”, afirmou. 

Redação A Lavoura com informações da Emater-DF e Agência Brasília

alavoura.com.br  09/09/2024