Tropicalização do Pistache: O plano da Embrapa para produção no Brasil
A Embrapa busca viabilizar o cultivo de pistache na Serra da Ibiapaba, Ceará, reduzindo custos e construindo uma cadeia produtiva sustentável para atender à crescente demanda no Brasil.
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O pistache brasileiro está mais perto de se tornar realidade. Reconhecida por sua versatilidade e sabor, essa pequena semente verde conquistou espaço em receitas doces e salgadas, mas atualmente depende 100% de importação, o que eleva o preço para até R$ 300 por quilo. Pensando em atender à crescente demanda e reduzir custos, a Embrapa lançou um projeto ambicioso para tropicalizar a cultura e possibilitar seu cultivo em solo brasileiro.
O plano é implantar um projeto piloto na Serra da Ibiapaba, região localizada entre Ceará e Piauí, até 2027. O local foi escolhido por suas noites frescas, uma característica essencial para o desenvolvimento do pistache. “A adaptação ao clima tropical é desafiadora, mas temos exemplos como o cultivo de maçãs em regiões semiáridas do Ceará, que mostram que é possível,” explica Gustavo Saavedra, pesquisador da Embrapa.
A iniciativa será conduzida em etapas:
- Diagnóstico climático da região;
- Importação de mudas adaptadas;
- Pesquisa técnica para desenvolvimento da cultura.
Embora os primeiros plantios possam ocorrer em 2035, a plena maturidade produtiva da planta levará até 10 anos após o início do cultivo. “Estamos falando de um projeto de longo prazo, mas com grande potencial de transformar o mercado brasileiro,” afirma Gustavo.
Um Desafio Climatológico e Econômico
A adaptação do pistache ao Brasil remonta ao que foi feito na Califórnia há cerca de 100 anos. A fruta, originária da antiga Pérsia, foi introduzida nos Estados Unidos e passou por um processo de ajuste ao clima temperado. No Brasil, a Embrapa enfrentará desafios similares, especialmente por conta do clima tropical, onde o estresse térmico para a floração das plantas pode ser mais difícil de replicar.
O custo estimado do projeto técnico varia entre R$ 2 milhões e R$ 4 milhões ao longo de 10 anos. Além disso, será necessária a criação de uma cadeia produtiva sustentável, incluindo a atração de processadores para que o cultivo seja economicamente viável. “Sem uma estrutura de processamento pronta, o produtor pode enfrentar dificuldades para investir na cultura,” alerta Gustavo.
Um Mercado Promissor
A demanda por pistache no Brasil disparou desde 2022, com as importações saltando de 350 para mais de 1.000 toneladas em 2024. A iniciativa da Embrapa não apenas visa reduzir os custos para o consumidor, mas também colocar o Brasil no mapa global da produção de pistache.
“Estamos dando os primeiros passos para algo inovador, que pode mudar completamente o cenário do agronegócio no país,” conclui Gustavo.
O projeto reforça o compromisso da Embrapa com a inovação e a sustentabilidade no setor agropecuário, contribuindo para diversificar e fortalecer a produção nacional.
planetacampo.com.br 21/010/2025
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