Paulo Bertolini, da Abramilho: “Crescimento da produção de milho no MATOPIBA desconcentra oferta e fortalece a segurança alimentar e energética”
Uma análise das projeções de produção, desafios e oportunidades para o milho brasileiro na próxima safra, com insights de Paulo Antônio Bertolini, presidente da Abramilho
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Paulo Antonio Pusch Bertolini: Presidente da Abramilho
Por: Antônio Oliveira
O Brasil se prepara para uma safrinha robusta de milho na temporada 2024/25, com expectativa de produção superior a 122 milhões de toneladas. Em entrevista à Cerrado Rural Agro, Paulo Antonio Pusch Bertolini, presidente da Abramilho, destaca a resiliência dos produtores frente às adversidades climáticas e ao cenário econômico, além de um otimismo crescente sobre a produtividade impulsionada por inovações tecnológicas.
Qual é o panorama atual da produção e produtividade da safra e safrinha (2024/2025) de milho no Brasil? Arriscaria uma opinião sobre essa produção além dos levantamentos da Conab?
Paulo Antonio Pusch Bertolini - O panorama atual é de recuperação, após a quebra parcial da safra passada. A previsão da Conab para a temporada 2024/25 aponta uma produção de 122,7 milhões de toneladas de milho, sendo a maior parte concentrada na segunda safra, com mais de 95 milhões de toneladas. É um número robusto, que sinaliza não apenas a força da produção nacional, mas também a resiliência do produtor brasileiro diante de desafios climáticos e de mercado. A Abramilho entende que, mantidas as condições atuais, esse número pode até surpreender positivamente, especialmente se houver regularidade nas chuvas e estabilidade nos preços ao produtor.
Para a safrinha, qual é a perspectiva da Abramilho? Ela é a mesma da Conab?
A segunda safra, ou safrinha, consolidou-se como o pilar da produção de milho no Brasil. Concordamos com a Conab na projeção de liderança dessa etapa, com previsão superior a 95 milhões de toneladas. No entanto, nossa perspectiva é ainda mais otimista quanto à produtividade, considerando o avanço da biotecnologia, o manejo mais eficiente e a adoção crescente de tecnologias de precisão no campo. Há um espaço considerável para que a safrinha continue expandindo sua eficiência, sobretudo em regiões como o Centro-Oeste e MATOPIBA.
O mercado, em relação à atual safra, tem correspondido às expectativas do setor?
O mercado tem demonstrado sinais mistos. Por um lado, há uma demanda interna firme, com destaque para a produção de proteína animal e etanol. Por outro, fatores como volatilidade cambial e incertezas no cenário internacional têm afetado a precificação e, por consequência, a rentabilidade do produtor. Ainda assim, o mercado se mostra aquecido e resiliente, o que tende a trazer maior competitividade para o milho brasileiro.
Qual seria o impacto do “tarifaço” do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre o milho brasileiro?
Caso esse “tarifaço” afete a competitividade dos Estados Unidos no mercado global, o milho brasileiro pode ganhar espaço em mercados estratégicos, desde que haja resposta rápida e articulada por parte do Brasil. No entanto, é preciso cautela. Medidas protecionistas sempre geram instabilidade comercial e exigem uma diplomacia ativa e assertiva para garantir que nossos produtos não sejam preteridos. O impacto depende da forma como conduziremos nossas relações comerciais.
A iniciativa privada e o Governo Federal têm reagido corretamente a essa política norte-americana?
A Abramilho acredita que há esforço por parte do governo brasileiro e da iniciativa privada para garantir uma posição sólida do nosso milho nos mercados internacionais. No entanto, o momento exige ainda mais estratégia, coordenação e proatividade, tanto em negociações bilaterais quanto na participação em fóruns multilaterais. O setor privado está fazendo seu papel em inovação, produção e logística. Agora, é essencial que as ações de governo estejam à altura, com segurança jurídica, incentivos à exportação e abertura de novos mercados.
As projeções futuras para o processamento do milho em etanol e DDG no Brasil são animadoras para o setor?
Sem dúvida. O etanol de milho e o DDG têm ganhado relevância estratégica, principalmente no Centro-Oeste. A produção de etanol a partir do milho não só diversifica o uso do grão como também fortalece as cadeias regionais, reduz perdas e agrega valor ao campo. As projeções são bastante animadoras e devem continuar crescendo, especialmente com os avanços tecnológicos e a expansão das plantas industriais. O DDG, por sua vez, se mostra como um excelente subproduto para alimentação animal, ampliando ainda mais o valor do milho.
A China anunciou, nesta semana, a expansão de sua área cultivada com milho transgênico. Qual seria o impacto dessa decisão nas exportações de milho brasileiro?
Esse é um movimento estratégico por parte da China, que busca aumentar sua autossuficiência. No curto prazo, pode haver um impacto moderado sobre as exportações brasileiras, dependendo do ritmo dessa expansão. Mas é importante lembrar que o milho brasileiro tem se consolidado como produto competitivo, confiável e com bom desempenho logístico. Nossa vantagem está na oferta contínua, na qualidade e na capacidade de atendimento em larga escala. O foco agora deve ser a diversificação de destinos e o fortalecimento da imagem do milho brasileiro no mundo.
"Todos os temas tratados nesta entrevista serão abordados ao longo do encontro, dentre outros assuntos importantes”
Qual é a importância da região do MATOPIBA para a produção nacional de milho?
O MATOPIBA é uma das fronteiras mais promissoras da produção agrícola nacional. A região reúne clima favorável, áreas com potencial de expansão e produtores altamente tecnificados. A produção de milho no MATOPIBA cresce a cada ano, ajudando a desconcentrar a oferta nacional e contribuindo com a segurança alimentar e energética do país. A Abramilho acredita que investir em infraestrutura, crédito e conectividade na região é essencial para consolidá-la como novo polo estratégico do milho brasileiro.
Diante do panorama nacional da produção de milho, que resultados você espera do Congresso da Abramilho deste ano?
Esperamos que o Congresso da Abramilho 2025 seja um marco para o fortalecimento das estratégias de sustentabilidade e inovação do setor. Com a presença de especialistas, pesquisadores, representantes do governo e da iniciativa privada, nosso objetivo é gerar subsídios sólidos para decisões políticas e empresariais, promovendo um ambiente de cooperação. Queremos sair deste encontro com uma visão integrada do milho como agente de equilíbrio entre produção de alimentos, energia renovável e desenvolvimento econômico.
Que mensagem você gostaria de deixar para os congressistas?
O milho brasileiro é símbolo de resiliência, inovação e potência. Aos congressistas, deixo o convite para que façam deste evento um espaço de construção coletiva, com escuta ativa, troca de experiências e ousadia para pensar o futuro. Todos os temas tratados nesta entrevista serão abordados ao longo do encontro, dentre outros assuntos importantes. Nosso setor é estratégico para o país e para o mundo. Juntos, podemos fortalecer ainda mais essa cadeia que alimenta, movimenta e transforma o Brasil.
Fonte: Cerrado Rural Agro
09/05/2025
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