A quarta-feira (16) foi de muito movimento no Parque de Exposições da Acrinorte. Em meio aos mais de 400 estandes da sexta edição da Norte Show o que se viu foram visitantes em busca de novidades e, principalmente, oportunidades de negócios.

A Norte Show, em Sinop, médio-norte de Mato Grosso, ocorre até quinta-feira (17). A expectativa de público, de acordo com a organização, é que mais de 70 mil pessoas passem pelo local nos quatro dias de evento. E em tempos de crédito escasso, criatividade e boas alternativas são ferramentas estratégicas para quem quer vender ou investir.

“O objetivo é exatamente esse. Nós trazemos todas as opções que temos, porque nós temos que atender o pequeno, médio e grande produtor indistintamente. A agricultura e a pecuária são atividades dinâmicas. Todo ano elas têm novidade”, pontua o vice-presidente da Famato e presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson José Redivo.

Preocupação em torno de acesso ao crédito

Em meio a tantas oportunidades de negócios e condições oferecidas pelos expositores, uma preocupação comum entre aqueles que foram a Norte Show em busca de compras à longo prazo: a dificuldade de acesso às linhas de crédito.

Conforme Redivo, as taxas de juros ainda estão elevadas e a redução de crédito também é sentida pelo produtor.

“O produtor fica numa gangorra. Você fazer investimentos numa taxa de juros de 14%, 15% às vezes torna inviável a sua atividade”.

O diretor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja Mato Grosso), Diego Bertuol, ressalta que a demora em torno de um esboço do Plano Safra 2025/26 preocupa ainda mais os produtores.

Além disso, ressalta Bertuol em entrevista ao Canal Rural Mato Grosso, que “nós estamos em plena safra, onde nós estamos vendo que o produtor está com dificuldades de conseguir crédito com juros baratos. O que nós vemos é em torno de 18%, 20%, 21%. Isso torna totalmente inviável a próxima safra para o produtor mato-grossense”.

A escassez de recursos também preocupa empresas que oferecem infraestrutura essencial para o agronegócio, como é o caso da armazenagem. Algumas empresas estão adotando novas estratégias de negociação para não perder vendas durante a feira.

“Hoje, a gente acaba tendo que financiar o produto com recurso próprio, dando condições de pagamentos direto pela empresa, para conseguir atender a demanda do produtor”, frisa o proprietário do Grupo Gardim, Kenedi Maik Gardim.

Situação que ressalta a importância das cooperativas de crédito. De acordo com o consultor de negócios do Sicoob Norte MT, André Pereira da Silva, apesar do cenário econômico, quem quiser investir durante a Norte Show vai encontrar linhas de crédito e condições especiais de financiamento.

Ele pontua que os produtores podem encontrar linhas de custeio com teto de R$ 3 milhões e linha de Pronamp com teto de R$ 1,5 milhão e de R$ 250 mil para o pequeno produtor.

“Isso na parte de recursos repassados. Porém, o Sicoob Norte MT também trabalha com linhas de recursos próprias para atender aos associados com juros com o que há de melhor no mercado, linha FCO bem abaixo da nossa taxa Selic padrão”.

Além de linhas de recursos repassados e próprios, as cooperativas de crédito também contam com opções de linhas com base em moedas estrangeiras e até 30% de desconto nas taxas de administração de consórcios.

“Observa-se uma grande escassez nas principais linhas de crédito. Nós temos em BNDES linha em dólar, que traz uma taxa bem atrativa. Hoje, o Sicredi tem a moeda estrangeira na média de 8% a 9,5% [taxa de juro] este mês. temos as modalidades de um a sete anos para o nosso associado estar pagando”, pontua o assessor de segmento agro do Sicredi, Osvaldo Stein Júnior.

canalrural.com.br  17/04/2025