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Café brasileiro raríssimo, extraído de fezes de ave, pode custar até R$ 7.000 o quilo

Café brasileiro raríssimo, extraído de fezes de ave, pode custar até R$ 7.000 o quilo

Os melhores grãos são selecionados e ingeridos pelo jacu, nativo da Mata Atlântica, em um processo impossível de ser reproduzido de forma mecânica

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Por Ana Sachs

Um dos melhores e mais raros cafés do mundo é feito no Brasil e pode custar até R$ 1.300 no mercado nacional e R$ 7.000 fora do país. O Jacu Bird é produzido pela Fazenda Camocim, a 1.300 m de altitude nas montanhas do Espírito Santo, e tem os grãos extraídos das fezes do jacu, uma ave nativa da Mata Atlântica.

 

 

Localizada ao lado do Parque Estadual Pedra Azul, no município de Domingos Martins, a fazenda foi criada em 1962, quando o avô do atual proprietário, Henrique Sloper Araújo, comprou uma terra devastada na região. "Era um pasto abandonado. A Pedra Azul era uma região inóspita, não existia o parque que tem hoje, e a proposta dele era fazer uma agrofloresta produtiva", conta Henrique.

A ave jacu, nativa da Mata Atlântica, que ajuda na produção de um dos cafés mais exóticos do mundo — Foto: Fazenda Camocim / Divulgação
A ave jacu, nativa da Mata Atlântica, que ajuda na produção de um dos cafés mais exóticos do mundo — Foto: Fazenda Camocim / Divulgação

A região começou a renascer quando uma empresa de celulose adquiriu terras próximas e passou a plantar árvores de eucalipto. Com o reflorestamento, vieram também os animais nativos, como o jacu. Essa ave se alimenta de frutas e, quando a fazenda iniciou a produção de cafés especiais orgânicos na década de 1990, os animais fincaram residência no local.

 

"Quando plantamos café, a 'turma' veio morar lá em casa. Várias ninhadas de jacu nasceram na fazenda. Nós viramos uma área de reprodução sem querer", relembra o empresário.

 

De inimigas da produção – já que comiam os melhores frutos do café – elas viraram parceiras. A inspiração veio do café mais caro do mundo, o Kopi Luak, da Indonésia, que pode custar até R$ 15.000 o quilo. Ele é feito a partir dos grãos colhidos das fezes de um pequeno mamífero chamado civeta. "O jacu é uma ave que nos ajuda a colher o café, porque ele se alimenta dos melhores e mais maduros frutos. Ele come só café bom", conta o empresário.

Embalagem de 250 g de acfé Jacu Bird, à venda no mercado nacional — Foto: Fazenda Camocim / Divulgação
Embalagem de 250 g de acfé Jacu Bird, à venda no mercado nacional — Foto: Fazenda Camocim / Divulgação

Seu sabor exótico deriva do processo de fermentação dos frutos pelas enzimas do aparelho digestivo das aves. Eles são ingeridos e excretados pelo jacu, algo impossível de se reproduzir de forma mecânica – daí a raridade e exclusividade do café. "É que como um vinho raro ou uma trufa. Ele não é mais um café, está em outra categoria", diz Henrique.

Após secos, limpos e guardados, os grãos do café Jacu Bird passam por um período de descanso para, enfim, serem torrados e embalados. Não há qualquer risco de ter bactérias ou microrganismos presentes nas fezes da ave. "Temos um pós-colheita complicadíssimo, porque tudo é feito à mão. Temos que congelar e colocar no vácuo os grãos, porque as fezes são um resíduo vivo", explica Henrique.

O pós-colheita do café Jacu Bird é cheio de etapas para garantir a segurança e qualidade — Foto: Fazenda Camocim / Divulgação
O pós-colheita do café Jacu Bird é cheio de etapas para garantir a segurança e qualidade — Foto: Fazenda Camocim / Divulgação

De "acidez marcante, aromas frutais e florados", segundo a marca, o café Jacu Bird traz um blend de cafés 100% arábica produzidos na Fazenda Camocim, com cultivo orgânico e biodinâmico, com uma maior quantidade de cafés amarelos, os preferidos da ave.

 

 

"A diferença é que o café Kopi Luwak vem de um animal confinado e em extinção. Nós somos o inverso dessa ideia, pois fazemos a regeneração da espécie. Lá eles confiam no animal e dão o café para ele comer até morrer. Nós temos uma história diferente para contar. Hoje, meu trabalho não é mais plantar café. Meu trabalho é falar sobre a regeneração florestal", destaca Henrique.

O café Jacu Bird é certificado pela Demeter, o selo mais importante do segmento no mundo, e pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), que audita e aprova práticas ambientais e sociais. Em 2017, a fazenda ganhou o principal prêmio internacional da indústria do café, o Cup of Excellence, com a marca de 9.373 pontos.

revistacasaejardim.globo.com 23/02/2024

 

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