Nos próximos dias, o Rio Grande do Sul pode ser atingido por um fenômeno raro e preocupante: a chuva preta. 

O alerta foi emitido pela MetSul Meteorologia e está gerando grande apreensão, especialmente entre agricultores e a população local. 

Esse fenômeno, que ocorre quando fuligem de queimadas se mistura com a umidade das nuvens, pode trazer consequências ambientais e de saúde.

Segundo o doutor em Geografia com ênfase em Análise Ambiental, João Cláudio Alcântara dos Santos, a chuva é consequência do fogo descontrolaodo que atinge diversas áreas do país, sendo urgente que as autoridades continuem atuando no combate às queimadas.

“A chuva preta é um alerta claro de que as queimadas descontroladas e a poluição atmosférica afetam a todos nós. Se não agirmos rapidamente, tanto a agricultura quanto a saúde da população continuarão sofrendo os impactos”, pontua.

Como a chuva preta se forma

A chuva preta se forma quando partículas de fuligem presentes na atmosfera, geradas pela queima incompleta de materiais orgânicos como carvão, petróleo e madeira, se misturam com a água das nuvens e precipitam na forma de chuva escura. 

Essas partículas, conhecidas como “soot”, podem viajar grandes distâncias e, no caso atual, estão se deslocando desde a Bolívia e a Amazônia até o sul do Brasil, atingindo também o Uruguai.

De acordo com o Sistema Copernicus, da União Europeia, um extenso corredor de fumaça está se movendo do norte ao sul do Brasil, o que deve ampliar a área de impacto do fenômeno. 

Além do Rio Grande do Sul, estados como Paraná e Santa Catarina podem ser atingidos esta semana. 

A chuva preta representa um risco significativo para a agricultura, podendo contaminar o solo e as plantações. Foto: Freepik/Divulgação Centro Universitário Integrado

Impactos na agricultura

Para os agricultores, a chegada da chuva preta representa um risco significativo. O especialista alerta que a água carregada de fuligem pode contaminar o solo e as plantações.

“Essa água suja traz partículas de carbono negro e gases poluentes que podem alterar os componentes químicos do solo, afetando os nutrientes necessários para o crescimento das plantas”, explica Santos.. 

Para minimizar os danos, ele recomenda a adoção de práticas de manejo do solo e a consulta com engenheiros agrônomos para encontrar soluções adequadas.

Riscos para a saúde humana

Além dos problemas para a agricultura, a chuva preta também representa uma ameaça à saúde pública. As partículas de fuligem contêm substâncias tóxicas que, quando inaladas, podem causar uma série de problemas, como doenças respiratórias e cardiovasculares.

“A exposição contínua a esses poluentes pode agravar condições preexistentes ou desencadear novas doenças. Em casos de sintomas respiratórios, é fundamental procurar atendimento médico imediato”, alerta o especialista.

Cuidados para a população

Para proteger a saúde, é essencial seguir algumas recomendações básicas, principalmente nos dias em que a concentração de fuligem no ar for maior. Entre as orientações estão:

• Aumentar a ingestão de líquidos para manter as vias respiratórias úmidas e protegidas.
• Permanecer em ambientes fechados e, se possível, em locais com ar condicionado e filtros de ar.
• Manter portas e janelas fechadas para evitar a entrada de poluentes.
• Evitar atividades físicas ao ar livre.
• Usar máscaras de alta filtragem, como N95, PFF2 ou P100, se for necessário sair de casa.

Fonte: Centro Universitário Integrado

alavoura.com.br  10/09/2024