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Mudanças na agricultura são urgentes para resgatar a biodiversidade

Mudanças na agricultura são urgentes para resgatar a biodiversidade

Em artigo publicado na conceituada Nature Ecology & Evolution, equipe internacional de pesquisadores pede mudanças na produção de alimentos. Um dos bons exemplos são as cabrucas do Sul da Bahia, nas quais os cacaueiros crescem à sombra das árvores nativas da Mata Atlântica (foto)

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Não tem como negar que a sobrevivência do ser humano depende das atividades agrícolas. Porém, estas atividades ocupam mais do que um terço da superfície terrestre mundial e colocam em perigo 62% de todas as espécies de animais e plantas. Ainda assim, paisagens agrícolas poderiam contribuir com a conservação da biodiversidade ao invés de destruí-la.

Para isso, seria necessária uma transição na forma como produzimos alimentos, baseada nos princípios da agroecologia. Uma equipe de mais de 360 cientistas de 42 países, liderados pela Universidade de Göttingen, na Alemanha, e Universidade Westlake, na China, argumenta que princípios agroecológicos devem ser discutidos na Conferência da ONU sobre biodiversidade na China e incluídos no quadro global para a proteção da biodiversidade.  O artigo dos pesquisadores foi publicado na prestigiosa revista Nature Ecology & Evolution.

Agricultura intensiva depende de pesticidas e fertilizantes e tem efeitos negativos sobre a biodiversidade. Uma agricultura sustentável, que poderia contribuir para reverter o declínio da diversidade biológica, de acordo com os autores, só surtiria efeito se coordenada a nível mundial.

“Superfícies agrárias podem fornecer ambientes propícios para a diversidade biológica, manter unidas áreas de preservação e aumentar a capacidade de resposta de espécies perante ameaças ambientais”, dizem os pesquisadores. A proposta deles é fortalecer redes de pesquisa globais, apostar em inovações técnicas e melhorar a comunicação.

O ano de 2020 é decisivo 

A perereca Gabohyla pauloalvini, uma espécie rara de anfíbio da Mata Atlântica, pode ser encontrada em cabrucas do Sul da Bahia. Foto: Mirco Solé

Para os cientistas é primordial a cooperação com os fazendeiros, povos indígenas e comunidades locais. A diversificação de cultivares, junto com novas variedades e combinações, pode garantir rendimentos. Além disso, essas medidas podem beneficiar a biodiversidade e os ecossistemas e, ao mesmo tempo, produzir alimentos mais nutritivos e saudáveis para todos.

O ano de 2020 é decisivo para a diversidade biológica, não apenas porque o tempo para a preservação de insetos e outros animais selvagens está se esgotando, mas também porque a 15ª Conferência das Partes (COP15) vai se unir, na China, à Conferência da ONU sobre Biodiversidade, porém o evento foi adiado para 2021 devido à pandemia de Covid-19.

Na COP15, será decidido o marco global para a proteção da diversidade biológica pós-2020, formado por metas para a diminuição das ameaças à biodiversidade. Os autores – de países como Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, Filipinas, França, Holanda, Reino Unido e Suíça – fazem propostas de como princípios agroecológicos podem ajudar a alcançar cada uma das metas.

“A importância da agroecologia para a transformação agrária e proteção da biodiversidade já tem sido reconhecida por muitas organizações renomadas”, diz o autor principal do artigo doutor Thomas Cherico Wanger da Universidade Westlake e Universidade de Göttingen.

“Isso fica patente também na diversidade de signatários e instituições que apóiam nossa publicação. Após as nossas discussões positivas com representantes da COP15 eu tenho esperanças que a nossa contribuição ajude a estimular as discussões na esfera política e tenha uma influência positiva nos sistemas de produção agrária.”

O professor doutor Mirco Solé, da Universidade Estadual de Santa Cruz e co-autor do trabalho, complementa: “Não podemos mais pensar em conservação da biodiversidade sem incluir a agroecologia na jogada. Um dos exemplos são as cabrucas do Sul da Bahia, nas quais os cacaueiros crescem à sombra das árvores nativas da Mata Atlântica e oferecem abrigo para uma grande parcela das espécies de animais oriundas da Mata Atlântica, além de funcionar como corredores ecológicos no mosaico de unidades de conservação. Esse sistema agroflorestal está ameaçado e uma das saídas viáveis é a transição para um manejo agroecológico”.

Fonte: Universidade Estadual de Santa Cruz

21/07/2020

 

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