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O USO DE FIBRAS NA NUTRIÇÃO DE CÃES E GATOS

O USO DE FIBRAS NA NUTRIÇÃO DE CÃES E GATOS

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Atualmente, o papel desempenhado por cães e gatos no ambiente domiciliar difere muito do início de sua domesticação. Com o passar dos anos, foi desenvolvido um forte vínculo entre o homem e os animais, que assumiram uma importante posição nos sistemas social e familiar. 

Os pets tornaram-se fonte de apoio emocional, psicológico e terapêutico e, assim, deixaram de ser mantidos apenas nos quintais e passaram a compartilhar o ambiente interno dos lares e estilo de vida de seus tutores.

Com isso, a alimentação dos animais passou a ganhar destaque. A nutrição de cães e gatos surge, então, como um conceito que ultrapassa a preocupação de se oferecer dietas capazes de atender às suas necessidades nutricionais e centra-se na promoção da saúde, qualidade de vida e longevidade.

Nesse cenário, as fibras receberam maior atenção das indústrias e nutricionistas dos pets, demonstrando efeitos benéficos na saúde animal além de suas propriedades de ingrediente funcional. Continue com a leitura e saiba mais!

As fibras como alimentos funcionais na nutrição de cães e gatos

Os alimentos funcionais são aqueles que, além das suas funções nutricionais, produzem outros efeitos metabólicos e fisiológicos benéficos ao organismo dos animais — sejam eles filhotes, adultos ou idosos.

Tais alimentos estão presentes nas dietas normalmente produzidas, auxiliando no fortalecimento do sistema imune e na proteção contra doenças, bem como na saúde dental, intestinal, de pele e na pelagem.

Neste sentido, as fibras possuem várias funções interessantes como atuar na saciedade e qualidade fecal e possui efeito benéfico sobre a flora intestinal para a manutenção da saúde do trato gastrintestinal e prevenção de doenças como o câncer de cólon.

A importância das fibras na alimentação dos pets

Para entender sobre a nutrição de cães e gatos é necessário saber, primeiramente, as diferenças nutricionais entre as duas espécies. 

Ambos são membros da ordem Carnívora, o que indica espécies que se especializaram no hábito alimentar carnívoro. No entanto, pertencem a diferentes ramos da ordem e, consequentemente, têm herdado distintos legados de preferências alimentares e comportamento de seleção de alimentos.

Enquanto a jornada evolutiva do cão sugere uma natureza mais onívora, a história do gato indica que esta espécie consumia uma dieta a base de carne durante seu desenvolvimento. A permanência do gato com uma alimentação altamente especializada resultou em adaptações metabólicas que levaram a exigências nutricionais específicas.

Desse modo, os alimentos disponíveis no mercado apresentam características determinadas basicamente pelos hábitos e particularidades nutricionais de cada uma das espécies. 

A utilização de fibras na alimentação desses animais já foi muito questionada, até porque não se conhecia sua classificação como nutriente. Acreditava-se que a fibra atuava apenas na formação do bolo fecal e na manutenção do trânsito no trato gastrointestinal, promovendo o aumento do peristaltismo, diluição da concentração de nutrientes e de energia da ração.

As duas últimas características, em específico, foram aplicadas com sucesso em situações como distúrbios endócrinos e obesidade. Dessa forma, as diversas ações benéficas das fibras passaram a ser consideradas, tais como a regulação dos níveis glicêmicos, a produção de ácidos graxos de cadeia curta que auxiliam na melhora da saúde intestinal e a prevenção de câncer de cólon pela menor permanência de conteúdo fecal no seu interior.

As fibras dietéticas

O conceito do termo fibra é amplo e refere-se a uma grande quantidade de substâncias que têm em comum apenas o fato de não sofrerem digestão pelas enzimas endógenas e a possibilidade de serem fermentadas pela microbiota de mamíferos e aves. No entanto, podem exibir propriedades diferenciadas de acordo com sua fonte, processamento, solubilidade e transformações no trato gastrointestinal.

Com o aumento da popularidade dos alimentos funcionais, bem como a procura por parte dos tutores de pets em alimentá-los com ingredientes que se assemelham à sua dieta, as fibras dietéticas ganharam destaque, tornando-se fontes nutricionais alternativas e inovadoras.

Confira, na tabela abaixo, as frações de fibras dietéticas presentes na fibra alimentar total!

As classificações das fibras

Algumas variações como solubilidade em água, viscosidade, capacidade de reter água e ligação a minerais e moléculas orgânicas fazem com que, atualmente, as fibras sejam divididas em vários tipos. Em geral, a definição deve considerar a atuação das fibras solúveis e insolúveis, com alta, moderada ou baixa capacidade de fermentação no trato gastrointestinal.

Fibras insolúveis

As fibras insolúveis são pouco fermentadas pela flora intestinal e são excretadas, em grande medida, intactas. Retendo água, elas aumentam a massa e o peso das fezes, dando consistência ao bolo fecal, e estimulam o peristaltismo intestinal.

Em virtude de sua consistência, elas tendem a diminuir o tempo de trânsito, necessário para proporcionar o bom funcionamento do trato gastrointestinal. Por isso são tão importantes na nutrição de cães e gatos.

Fibras solúveis

As fibras solúveis atuam como substratos para a fermentação no cólon, alterando a microflora e a fisiologia dessa região do intestino, com função prebiótica. No trato gastrintestinal proximal, elas exercem efeito sobre o esvaziamento gástrico e a absorção no intestino delgado.

Também são agentes espessantes e essa propriedade tende a aumentar a viscosidade do bolo alimentar, diminuindo à taxa de esvaziamento gástrico e causando impacto sobre a ingestão de alimentos. Assim, no trato gastrintestinal proximal, as fibras solúveis modificam a saciedade, modificam o metabolismo dos carboidratos, reduzindo a resposta glicêmica), e alteram o metabolismo dos lipídios.

No cólon, elas são fermentadas e alteram a composição da flora intestinal e o metabolismo através da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) ou ácidos graxos voláteis (AGV).

O acetato, o propionato e o butirato são os principais AGV produzidos pela fermentação das fibras. Um dos efeitos positivos da produção de AGV é a acidificação do cólon, o que pode evitar a proliferação excessiva de bactérias patogênicas. 

As funções de cada tipo de fibra

As fibras solúveis podem reduzir os níveis pós-prandiais de glicose, triglicérides e colesterol do sangue. Por isso, se tornam especialmente importantes em dietas terapêuticas, como para cães obesos ou diabéticos.

Contudo, a utilização deve ser sempre realizada de forma adequada com relação a quantidade e a fonte de obtenção. Grandes volumes ou utilização de fibras que têm alta capacidade de fermentação no trato gastrointestinal podem causar transtornos digestivos devido à formação de gases.

No mais, há a possibilidade haver o aumento da concentração de AGV, que causa extravasamento de líquido para o lúmen intestinal e resulta em diarreia. Quanto maior a fermentação da fonte de fibra, maior é a sua digestibilidade na matéria seca. 

Já as fibras insolúveis ajudam a melhorar a motilidade intestinal e regularizar o esvaziamento gástrico. Elas são especialmente indicadas para aumentar a taxa de passagem dos pelos através do trato gastrintestinal dos gatos, visto que os hábitos de autolimpeza desses animais (eles ficam de 25 a 30% do tempo se lambendo) favorecem a ingestão de grandes quantidades de pelagem, dando origem às tão conhecidas “bolas de pelos”.

Evitar essas formação das bolas de pelos (tricobezoares) depende em grande parte da atitude dos tutores, em escovar diariamente e frequentemente seus gatos, principalmente os de pelo longo. Contudo, fornecer uma alimentação adequada faz toda a diferença, pois minimiza a sua formação e, consequente, problemas como obstrução (esofágica, gástrica ou do intestino delgado), constipação, colite, perda de peso progressiva e anorexia dos felinos.

As principais fontes de fibras na alimentação de cães e gatos

Fontes de fibras moderadamente fermentáveis, como a polpa de beterraba e o farelo de arroz, fornecem energia às células que revestem o intestino e formam uma massa que remove os resíduos. Essas fibras conferem características fecais desejáveis sem comprometer a digestibilidade dos nutrientes, podendo, ainda, promover a saúde do trato gastrointestinal pela otimização da produção de AGV.

As fibras pouco fermentáveis, como a celulose, aumentam muito o volume das fezes, retêm água e diminuem o tempo de trânsito da massa fecal. Se ingerida em excesso, contudo, sua ação na mucosa intestinal pode causar inflamação das microvilosidades do cólon e consequente decréscimo na absorção de nutrientes.

Animais recebendo fibras moderadamente fermentáveis apresentam aumento do tamanho do cólon, maior área de superfície e hipertrofia da mucosa, quando comparados com animais recebendo fibra não fermentável.

Veja as características de algumas fontes de fibra na tabela a seguir!

As fontes de fibras mais utilizadas na ração

Na nutrição de cães e gatos, são utilizados alguns critérios específicos no momento da avaliação de um novo ingrediente a ser empregado na ração. Um ponto importante são as características fecais, que envolvem consistência, quantidade e odor fecal — muito valorizadas pelos donos dos animais de companhia.

Fezes moles podem ser indicativas de diarreia e, excessivamente duras, de constipação, sendo estas importantes desordens nutricionais que podem ocorrer quando fontes inadequadas de fibra são introduzidas à dieta dos pets.

Conheça os alimentos que são fontes principais de cada fração das fibras!

Como você pôde perceber, as fibras são essenciais na nutrição de cães e gatos. E para garantir uma ótima saúde intestinal, o ideal é que haja uma combinação balanceada dos tipos solúveis e insolúveis. Tem-se, ainda, que as fontes de fibras com fermentabilidade moderada podem, igualmente, contribuir com a otimização da digestibilidade dos nutrientes e da qualidade fecal.

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Este conteúdo foi elaborado com a colaboração de Karina Ferreira Duarte, especialista em nutrição animal.

Fonte: nutricaoesaudeanimal.com.br

20/02/2021

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