Mapa de Vegetação Primária de Mato Grosso será atualizado e vai ajudar no combate ao desmatamento ilegal
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Um feito inédito está para ser divulgado em Mato Grosso: há 15 anos, o Mapa de Vegetação Primária do estado começou a ser desenvolvido, em uma parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com apoio do Programa REM MT (REDD Early Movers Mato Grosso, em português, REDD para Pioneiros). O projeto, que concluiu sua primeira fase, busca compatibilizar e atualizar os conhecimentos da vegetação estadual.
Mas, por que o mapa é importante? Ao compreender os dados atualizados sobre a vegetação mato-grossense, o mapa se torna um importante aliado na fiscalização do desmatamento ilegal do estado e no entendimento da reserva legal. Ele também poderá ser referência para elaboração dos estudos de Planos de Manejo das Unidades de Conservação.
Gabriela Moreira, à esquerda, durante expedição (Foto: REM/MT)
Segundo explica a engenheira florestal e consultora do Programa REM MT, Gabriela Moreira, o Mapa da Vegetação Primária mostra os limites da cobertura vegetal primária em Mato Grosso, desde a década de 70, na escala 1:250.000, classificadas em Regiões Fitoecológicas.
A iniciativa para fazer o mapa aconteceu durante as discussões do Diagnóstico do Zoneamento Socioeconômico Ecológico do Estado de Mato Grosso, de atualização do conhecimento e informações sobre vegetação primária na escala proposta pelo Estado.
O trabalho foi minuciosamente elaborado desde 2008, com diversas expedições realizadas no território mato-grossense. Junto com o IBGE, a execução foi realizada numa parceria estabelecida entre a Secretaria de Estado de Planejamento de Gestão (SEPLAG) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA-MT).
Nas expedições, foram realizadas amostragem de pontos com descrições de parâmetros do ambiente físico, estrutura da vegetação, formas de vida e identificação de espécies florestais arbóreas e arbustivas, para classificar a tipologia da região.
Para dar conta de apurar toda a vegetação do território, que compreende mais de 903.357 km², o projeto contou com recursos do Programa REM MT. Foram contratados profissionais capacitados durante todo o período de levantamento de dados, assim como equipamentos adquiridos e custeio para a equipe também foram pagas pelo recurso.
Como foi feito o mapa
Fase de levantamento de dados foi concluída pelos profissionais; Mato Grosso possui 74 cartas, de acordo com o MIR (Foto: Programa REM MT)
O projeto foi dividido em três fases: 1º elaboração das cartas; 2º auditoria e 3º homologação. Atualmente, 100% do estado já foi elaborado, ou seja, 74 cartas de vegetação foram elaboradas, concluindo a 1ª fase do projeto.
As cartas seguem referências do Mapa Índice de Referência (MIR), na escala 1:250.000, do IBGE. São quadrantes, feitos a partir da interpretação dos limites de cada tipologia, nas cartas imagens do satélite Landsat MSS (1972-1980). Mato Grosso, por exemplo, abrange 74 cartas.
“No momento, encontra-se na 2° fase, de Auditoria a ser realizada pelo IBGE. Nesta fase, verifica-se a conformidade das cartas em relação aos critérios cartográficos de elaboração de mapas e dos padrões da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE)”, relata a profissional.
Grupo de expedição conhecendo a Amazônia (Foto: REM/MT)
Mato Grosso é um estado privilegiado em termos de biodiversidade. Possui, sozinho, 3 dos principais biomas do país: Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Portanto, o mapa foi cautelosamente detalhado. “Uma diversidade de insumos acompanha o mapa, como por exemplo, os relatórios para cada carta, contendo caracterização geral da região, descrição das formações/sub formações vegetais, listas de espécies vegetais com nome científico, nome comum, família e a tipologia, registros fotográficos, entre outros”.
Atualização dos dados
Vale destacar ainda que o mapa traz dados atualizados da classificação mapeada pelo Projeto RADAMBRASIL, com mais detalhes e acrescentando mais informações de campo, como listas de espécies e principalmente na definição dos limites e ocorrência da nova tipologia que marcou a segunda edição do Manual Técnico da Vegetação Brasileira do IBGE, em 2012, a Floresta Estacional Sempre Verde.
O Projeto RADAM foi um esforço pioneiro do governo brasileiro na década de 70, para a pesquisa de recursos naturais, sendo organizado pelo Ministério de Minas e Energia através do Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM, com recursos do Plano de Integração Nacional – PIN.
Por ser um projeto dos anos 70 e 80, havia a necessidade de atualização do mapa de vegetação do Estado e melhorar a escala de detalhamento. Portanto, a fiscalização operava com dados antigos, que podem gerar equívocos.
Com a atualização do mapa, ele se torna uma referência importante nos trabalhos de fiscalização do desmatamento no estado e no cálculo de reserva legal.
Material para estudo
Vassoura de bruxa coletada em Poconé durante expedição (Foto: Programa REM MT)
Durante as expedições, também foram realizadas coletas e prensagem de materiais botânicos, que foram encaminhados para o herbário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
“Apesar do foco principal não ser esse, esse processo acontecia principalmente para auxiliar quando a equipe encontrava alguma dificuldade na identificação da espécie. E com isso, já ocorreu de ser encontrado novos registros de ocorrência de algumas espécies para o Estado de Mato Grosso”, comenta Gabriela.
Programa REM MT
O Programa REM MT (REDD para Pioneiros) é uma premiação dos governos da Alemanha e do Reino Unido, por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KFW), ao Estado do Mato Grosso pelos resultados na redução do desmatamento nos últimos anos (2004-2014). O Programa REM MT beneficia aqueles que contribuem com ações de conservação da floresta, como os agricultores familiares, as comunidades tradicionais e os povos indígenas, e fomenta iniciativas que estimulam a agricultura de baixo carbono e a redução do desmatamento, a fim de reduzir emissões de CO² no planeta.
O REM MT é coordenado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), e tem como gestor financeiro o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).
cenariomt.com.br 18/01/2023
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