Tecnologia traz mais lucro e produtividade para a aquicultura
A AQUi9 inova com soluções que não apenas aumentam a eficiência e a rentabilidade dos produtores, mas também contribuem para a sustentabilidade do setor
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Unindo tecnologias de software e hardware, a startup brasileira AQUi9 – que integra o SNASH, hub de startups apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) – quer mudar a maneira como se produz pescados no Brasil.
Fundada pelos engenheiros de software e pesca, Paulo Rocha e Maicon Brande, respectivamente, a empresa combina inovação e propósito, focando inicialmente na piscicultura com destaque para a produção de tilápias e camarões, duas das principais espécies cultivadas no país.
A escolha do nome reflete o conceito da empresa.
“O termo AQUi vem de aquicultura e também remete a ‘aqui’, enquanto o número 9 simboliza inovação, como em ‘inovar’. Nossa logo representa uma rede, conectando tecnologia e inovação”, explica o CEO da startup, Maicon Brande, em entrevista à Revista A Lavoura.
A startup nasceu com a missão de facilitar a gestão operacional das fazendas aquáticas, levando informações do campo diretamente para a palma da mão do produtor.
O propósito vai além da eficiência, em que a AQUi9 busca promover práticas sustentáveis e o uso racional dos recursos hídricos, atendendo à crescente demanda por alimentos produzidos de forma responsável.
O desafio do mercado
Um dos principais gargalos da piscicultura é o manejo alimentar, responsável por 70% a 80% do custo de produção. Erros nessa etapa afetam não só os custos, mas também a saúde dos peixes e a qualidade do ambiente aquático.
“O desperdício de ração pode comprometer a produtividade, a margem de lucro e até mesmo causar perdas totais da safra”, ressalta Brande.
Além disso, a temperatura da água desempenha um papel crucial.
“O peixe é ectotérmico, ou seja, depende da temperatura da água para regular seu metabolismo. Se a temperatura não está na faixa ideal, como entre 25°C e 28°C para a tilápia, o consumo de ração diminui e os problemas começam”, explica.
A falta de dados precisos e acessíveis torna o manejo uma tarefa desafiadora, principalmente para pequenos produtores que dependem da experiência empírica.
A solução da startup
Foi pensando nisso que a startup criou um modelo de negócio baseado em SaaS (Software como Serviço), integrando sensores e uma plataforma digital que oferece soluções completas de manejo inteligente.
Segundo o CTO da startup, Paulo Rocha, os sensores inteligentes são capazes de medir parâmetros essenciais como temperatura, pH e oxigênio dissolvido, dados fundamentais para a saúde dos peixes e a eficiência da produção.
A partir daí, os dados são disponibilizados em um plataforma digital, que processa as informações e fornece insights em tempo real para os produtores, como quantidade ideal de ração, custos diários de produção e desempenho dos peixes.
Além disso, a tecnologia inclui funcionalidades avançadas, como simuladores de venda que ajudam os produtores a planejar o melhor momento para comercializar seus lotes, maximizando o retorno financeiro.
“Estamos adaptando nosso sistema para integrar alimentadores automáticos, que no futuro serão autônomos”, explica Rocha. Com isso, a tecnologia será capaz de calcular e distribuir ração automaticamente, otimizando ainda mais o processo.
Resultados reais
Em testes realizados com produtores early adopters, os resultados foram impressionantes. Segundo os executivos da Aqui9, houve uma economia de até 29% na ração em alguns lotes, graças à precisão do manejo.
Também foi registrada uma melhora na conversão alimentar: Enquanto a média do mercado é de 1.5, a AQUi9 alcançou índices de até 1.1, sinalizando alta eficiência na produção.
Com isso, a implementação da tecnologia conseguiu gerar uma economia financeira significativa. Considerando a queda no preço da tilápia, os produtores economizaram cerca de R$ 1,00 por quilo de peixe produzido, um diferencial importante em um mercado de margens reduzidas.
Futuro promissor
A adoção de tecnologias no setor ainda enfrenta barreiras culturais e econômicas. Como explica Paulo Rocha.
“Por incrível que pareça, a tecnificação ainda é uma novidade nesse setor. Há uma resistência natural à incorporação de novas tecnologias no dia a dia da produção”.
No entanto, mudanças geracionais estão abrindo portas.
“Os filhos de produtores tradicionais, mais familiarizados com tecnologia, estão liderando a modernização das propriedades familiares e enxergando o potencial da piscicultura como um negócio lucrativo e sustentável”, observa Brande.
A longo prazo, a AQUi9 planeja expandir sua atuação para outros setores que utilizam recursos hídricos, como saneamento e agronegócio, ampliando o impacto de suas tecnologias em práticas sustentáveis.
“Queremos ser uma plataforma robusta para a rastreabilidade e o uso racional da água, impactando não só produtores, mas também o governo e outras indústrias”, conclui Rocha.
Redação A Lavoura
14/01/2025
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