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Sustentabilidade: um novo aroma para o café brasileiro

Sustentabilidade: um novo aroma para o café brasileiro

Adoção de boas práticas nas lavouras de café ajuda mitigar os efeitos climáticos

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O movimento em direção à sustentabilidade nas lavouras de café não é mais uma tendência, e sim uma necessidade diante dos impactos das mudanças climáticas, que têm sido cada vez mais frequentes nas produções cafeeiras no Brasil.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de café sustentável do mundo, e para se denominar “café sustentável”, um produtor precisa usar processos de produção, serviços e métodos de gestão apropriados.

A diretora de Sustentabilidade do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Silvia Pizzol, explica que o produtor que resolve adotar e trabalhar com boas práticas em suas lavouras colhem, além de um bom café, um solo saúdavel, realiza a descarbonização (redução dos gases do efeito estudo no ambiente), preserva a biodiversidade, torna sua cafeicultura mais resiliente e tem mais alto controle para mitigar as ações dos efeitos climáticos sobre sua produção. “Praticando a sustentabilidade, o cafeicultor vai encontrar um melhor potencial produtivo, e isso vai impactar diretamente em sua renda, pois ele vai conseguir mitigar suas futuras perdas”, completa a especialista.

Há oito anos a cafeicultora, Silvia Raylda Kurebayashi Fonte, trabalha com a produção de café orgânico em Serra Negra – SP, e administra a marca Café dos Leais. Sua lavoura é um exemplo de produção de café sustentável, e de como a adoção e prática de medidas sustentáveis podem tornar, de fato, a cafeicultura cada vez mais resiliente.

Silvia e a produção do Café Orgânico (Café dos Leais) em Serra Negra-SP

Silvia sempre priorizou uma produção voltada para o não desperdício e preservação. Utilizando manejos simples como: roçar o mato e deixar na lavoura, usar adubação verde e insumos biológicos no solo, ela vem colhendo ano após ano safras recordes e positivas. “Faz dois anos que não preciso irrigar minha produção, e meu café segue saudável. As técnicas que usei no inicio da plantação, em 2017, e ainda uso ajudam meu solo a ficar sustentável e saudável, e é isso que vem mantendo minha produção intacta”, contou a produtora.

E para começar não precisa de muito. Técnicas simples como: manejo de ervas daninhas, uso de matéria orgânica no solo associado a um sistema de irrigação racional para o controle do estresse hídrico, manejo de plantas de cobertura no cafeeiro, já é possível vislumbrar grandes benefícios à produção. De acordo com o engenheiro agrônomo e consultor em café, Jonas Leme Ferraresso, os cafeicultores estão mais conscientes quanto à sustentabilidade e, aderindo às práticas de manejo sustentável, mais camadas de proteção eles trarão para produção de café a longo prazo.

Solo coberto com material orgânico (Sitio São Geraldo)
Solo protegido com mato espontâneo: Menor erosão, conservação de nutrientes e redução da temperatura do solo (Sitio Pinhalzinho)

“Aderir à sustentabilidade é trabalhar com investimento e risco. Ela passa pela barreira mercadológica onde o produtor investe, porém no final não é ele quem precifica sua mercadoria e isso gera insegurança. Mas, uma coisa é certa, a sustentabilidade garante a segurança de produtividade das lavouras para o futuro, mitigando as ações do clima e trazendo mais qualidade para o café”,  acrescentou o agrônomo. 

A produtora do Café dos Leais completa “Sustentabilidade é um olhar para o futuro, um tripé econômico, social e ambiental. Com os manejos sustentáveis há cada ano eu gasto menos com a manutenção da minha lavoura, e hoje consigo colher até 30 sacas por hectare de um café orgânico”. 

Silvia e sua lavoura de café orgânico em Serra Negra-SP 

Sustentabilidade é então um ótimo investimento futuro, mas que necessita de adaptação e paciência. “O cafeicultor não pode entrar nesta longa jornada sozinho, ele precisa de assistência técnica permanente, realizar um bom planejamento financeiro e procurar auxilio de programas próprios de sustentabilidade. Porém, vale a pena. Este produtor vai se tornar mais competitivo aos olhos do mercado, pois estará trabalhando com práticas alinhadas as demandas de empresas internacionais, e irá também de encontro com um consumidor que vem cobrando e priorizando cada vez mais um consumo responsável, e consumindo com uma cabeça feita sobre sustentabilidade”, explicou ainda a especialista Silvia Pizzol.

No Brasil, a produção de café sustentável é certificada pela ABIC por meio do Programa Cafés Sustentáveis do Brasil – PCS. De acordo com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) cafés com certificados socioambientais (produzidos com manejos sustentáveis) já representam mais de 15% da produção brasileira.

Por: Raphaela Ribeiro Fonte: Notícias Agrícolas

visaoagro.com.br  03/10/2024

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