Paulo Roberto Kreling, engenheiro agrônomo, produtor rural e presidente da FAPCEN, compartilhou a trajetória de sua família no agronegócio e os desafios enfrentados ao desbravar o cerrado maranhense. Natural de Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul, Kreling relembrou o início da jornada nos anos 1970, quando seu pai decidiu expandir as operações para o Maranhão, visando melhores oportunidades para a família de seis filhos.

“Meu pai sempre acreditou no potencial do Maranhão, apesar dos desafios. Quando ele comprou a terra na Serra do Penitente, há 49 anos, tudo era cerrado virgem. Foi necessário muito trabalho e resiliência”, afirmou Kreling. Ao longo das décadas, a família Kreling ajudou a transformar a região de Balsas, hoje reconhecida como um importante polo agrícola.

Paulo também compartilhou como enfrentou as dificuldades logísticas e ambientais nos primeiros anos no Maranhão, onde o acesso à infraestrutura era limitado. Ele destacou a importância de uma mentalidade resiliente e da adoção de novas tecnologias para superar as adversidades e impulsionar a produtividade da fazenda.

Kreling implementou o sistema de plantio direto, que utiliza três pilares principais: cobertura do solo com palhada, não revolvimento do solo e rotação de culturas. Esse sistema, adotado desde 2016, trouxe avanços significativos na Fazenda Temer, permitindo a produção de duas safras anuais e o aumento da produtividade, mesmo em períodos de estiagem. “Chegamos a enfrentar 23 dias de seca, mas conseguimos colher 70 sacos de soja por hectare, graças à correção do solo e à tecnologia.”

Em 2022, Kreling foi reconhecido com o Prêmio Mérito Conservacionista durante o Encontro Nacional de Plantio Direto, em Foz do Iguaçu, como um reconhecimento por suas boas práticas agronômicas e pelo compromisso com a sustentabilidade. Ele ressaltou a importância de práticas como o plantio direto para aumentar a biodiversidade do solo e a produtividade.

O produtor também comentou sobre a certificação RTRS (Mesa Redonda sobre Soja Responsável), que ele considera essencial para garantir a produção sustentável e atender às exigências do mercado internacional. “O mercado é soberano e quer produtos de qualidade. A certificação traz benefícios, como taxas de juros mais baixas e maior competitividade.”

Ao final da entrevista, Kreling destacou seu compromisso com a comunidade local, mencionando os programas sociais que implementou para melhorar a qualidade de vida dos moradores da região do Caititu. “Ajudamos duas famílias a terem acesso à energia solar após mais de 60 anos sem eletricidade. Ver a alegria deles foi incrível”, lembrou emocionado.

Sobre o futuro, Paulo enfatizou o legado que deseja deixar para seus filhos e netos, que já participam das operações da fazenda. “Meu objetivo é continuar promovendo um agronegócio sustentável, deixando um futuro melhor para as próximas gerações.”

planetacampo.com.br  03/10/2024