Top-10: Os acontecimentos mais marcantes do agronegócio em 2024
Relembre quais foram os desafios enfrentados e as conquistas alcançadas pelo agronegócio brasileiro neste ano
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O ano de 2024 foi marcado pelos extremos. Um ano que desafiou o agronegócio brasileiro, forçando-o a lidar, ao mesmo tempo, com a severa estiagem na região central do país e com as enchentes que alagaram as lavouras gaúchas. Algumas safras recordes e outras quebras produtivas foram observadas.
Neste ano, concretizou-se importantes negociações internacionais, grandes eventos foram promovidos e mercados-chaves alcançados.
No âmbito político, foi lançado um Plano Safra recorde, além das aprovações no legislativo que criam um ambiente fértil para a consolidação de um agro sustentável e protagonista na transição energética nos próximos anos.
Quando confrontado e acusado erroneamente por tradings francesas, o agronegócio brasileiro se uniu, mostrando sua força e importância para o mundo.
A seguir, apresentamos 10 acontecimentos marcantes do agronegócio brasileiro em 2024:
1. A Estiagem
Em 2024, o Brasil enfrentou a pior estiagem desde o início dos registros da série histórica, em 1950, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). A escassez de chuvas em grande parte do território brasileiro, aliada a temperatura acima da média, provocou a secagem de rios, além de prejuízos significativos à agricultura.
De acordo com o Cemaden, desde junho de 2023, a estiagem atingiu 5 milhões de km² – cerca de 59% do território brasileiro. A região Norte foi a mais afetada pelo fenômeno, mas 137 cidades espalhadas pelo Brasil enfrentaram ao menos nove meses consecutivos de seca.
A cafeicultura foi uma das culturas mais prejudicados pela falta de chuvas, principalmente em Minas Gerais e São Paulo. No início da temporada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) havia previsto um crescimento da produção brasileira de café; todavia, as condições climáticas adversas fizeram com que as estimativas caíssem abaixo da última safra.
A cana de açúcar foi outra cultura bastante afetada pelo déficit hídrico, com destaque para áreas produtoras no Sudeste. No caso dos grãos, a estiagem atrasou o início da semeadura da safra 2024/25, mas não deverá provocar uma redução em relação aos excedentes registrados no último ciclo. Há a expectativa de uma safra recorde de soja no Brasil.
2. Catástrofe no Rio Grande do Sul
No dia 27 de abril, em Santa Cruz do Sul, Região dos Vales do Rio Grande do Sul, uma forte chuva que se alastrou por mais de 10 dias sobrecarregou as bacias dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Sinos e Gravataí. Com o excesso de água, os rios transbordaram e invadiram municípios, causando uma das maiores tragédias naturais da história do Brasil.
De acordo com dados da Defesa Civil, entre abril e maio deste ano, mais de 2,4 milhões de pessoas foram afetadas, e cerca de 616 mil ficaram desabrigadas.
As enchentes submergiram plantações, dizimaram rebanhos e comprometeram estoques de grãos. A produção agropecuária sofreu grandes prejuízos, com perdas no transporte, armazenamento e comercialização de produtos. Dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM) indicam que os danos na agricultura ultrapassaram R$ 3 bilhões, com impactos significativos em culturas como soja, arroz e milho.
3. Plano Safra recorde
O governo, liderado pelos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, lançou no dia 3 de julho, o Plano Safra 2024/2025, em que foi liberado o valor recorde de R$ 475,56 bilhões para produtores rurais no ciclo que será encerrado em junho do próximo ano.
O montante cedido pelo governo é 9,1% acima do que foi desembolsado no ano passado (R$ 435,8 bi). O total, através da emissão de LCA (Letras de Crédito do Agronegócio), deve chegar a R$ 508,59 bi.
A maior parte do montante, RS$ 400,59 bi (84,2%), será repassado a grandes e médios agricultores empresariais, enquanto o restante, de R$ 74,98 bi (15,8%), é destinado à agricultura familiar.
4. GAFFFF: o maior evento de cultura agro do mundo
O Global Agribusiness Festival (GAFFFF), organizado pela DATAGRO em parceria com a XP Investimentos, foi realizado pela primeira vez no Allianz Parque, em um novo formato, e já se consolidou como o maior festival de cultura agro do mundo.
O GAFFFF nasceu como uma versão ampliada do tradicional Global Agribusiness Fórum (GAF) – a adição de três letras “F” à sigla que o identifica se refere à “festival”, “food” e “fun”, além do “fórum” original. O evento reuniu mais de 20 mil participantes e contou com 240 palestrantes, oferecendo tradicionais painéis com lideranças e autoridades. Após o sucesso deste ano, o GAFFFF já confirmou sua próxima edição para 2025, nos dias 5 e 6 de junho.
5. Novas fronteiras
Em 2024, o Brasil registrou um avanço significativo na abertura de novos mercados para produtos agropecuários. Ao todo, foram 221 mercados conquistados para itens como carnes, grãos, ovos e até produtos mais específicos, como embriões, gergelim, uvas frescas, erva-mate, sorgo, açaí em pó, entre outros. Para efeito de comparação, o ritmo de expansão foi muito superior aos anos anteriores: em 2019, foram 35 novos mercados; em 2020, 74; em 2021, 77; em 2022, 53; e em 2023, 78.
6. A união do agro brasileiro contra a Danone e o Carrefour
No segundo semestre do ano, tiveram grande repercussão posicionamentos das companhias francesas Danone e Carrefour em relação a produtos brasileiros de origem vegetal e animal.
Em entrevista à agência de notícias Reuters no final de outubro, o diretor financeiro da Danone na França, Juergen Esser, declarou que a multinacional havia parado de adquirir soja plantada no Brasil. O executivo não explicitou o que teria provocado a decisão, mas citou o comprometimento da empresa com a sustentabilidade.
A declaração foi rapidamente condenada por representantes da cadeia agrícola brasileira, incluindo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que emitiu um comunicado listando alguns dos processos de fiscalização ambiental aos quais estão submetidos os produtos brasileiros.
Enfim, a Danone do Brasil soltou uma nota em que negou Esser e afirmou que não havia interrompido a compra de soja brasileira. Alguns dias depois, a Danone francesa publicou um posicionamento semelhante.
"Reafirmamos que não há medidas restritivas sobre a compra da soja brasileira na cadeia de suprimentos da Danone em todo o mundo. Isso se aplica não apenas à cadeia de suprimentos brasileira, mas também a outros países onde operamos", dizia o texto.
Cerca de um mês depois, no final de novembro, o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, fez um post no Instagram em que afirmou que a varejista francesa assumia “o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul", a qual não atenderia às “exigências e normas” europeias.
A publicação, destinada ao presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Agricultores (FNSEA), ocorreu em meio a protestos na França contra a assinatura do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano, cujas negociações foram concluídas no último dia 6.
Em seguida, outra varejista francesa, a Les Mousquetaires, acompanhou o Carrefour e afirmou que também iria parar de adquirir proteína proveniente do bloco sul-americano.
Assim como no episódio da Danone, a declaração foi duramente repudiada pelo setor pecuarista brasileiro. Em resposta, o Carrefour disse que o banimento às carnes do Mercosul valia apenas para as unidades da companhia na França.
O posicionamento, entretanto, não foi suficiente para o setor e a JBS suspendeu o envio de carnes para lojas do Carrefour no Brasil, sendo seguida por outras frigoríficas, como a Marfrig e a Masterboi.
Alexandre Bompard, então publicou uma retratação em que reconheceu a “confusão” causada pelo que disse e ressaltou que o Carrefour conhece o “profissionalismo, cuidado à terra e produtores” do Brasil.
Após a retratação, foram retomadas as remessas de carne para as unidades brasileiras do Carrefour.
7. Adiamento da Lei Antidesmatamento
Em mais um sinal claro de união do agro brasileiro, a pressão surtiu efeito e a União Europeia adiou por um ano a implementação da Lei Antidesmatamento, que proíbe a importação de soja, carne bovina, cacau, café, óleo de palma, madeira, borracha e demais produtos ligados ao desmatamento, mesmo que legal no país de origem. Com a prorrogação, a lei começará a valor em 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e 30 de junho de 2026 para micro e pequenas companhias.
8. O acordo Mercosul-União Europeia
No dia 6 de dezembro de 2024, autoridades representantes do Mercosul e da União Europeia anunciaram, em Montevidéu, no Uruguai, o Acordo de Parceria entre os blocos. A assinatura do texto encerrou um longevo ciclo de negociações entre as partes, que foi iniciado em 1999 e paralisado em 2019, após um acordo inicial atingido no ano.
Com o acordo, a UE vai isentar 82% das importações agrícolas dos países do Mercosul. Também será oferecido um acesso preferencial com tarifas reduzidas para 97% dos produtos.
9. Novas políticas rumo à transição energética
Além dos números recordes e importantes pautas internacionais defendidas, o ano de 2024 também foi marcado por aprovações no legislativo brasileiro que devem criar um ambiente fértil para a consolidação de um agro sustentável e protagonista na transição energética nos próximos anos.
Nesse sentido, destaque-se a Lei do Combustível do Futuro, a qual cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano.
Houve também a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), dividindo o mercado de crédito de carbono em dois setores: um regulado, envolvendo instituições do poder público; e o outro, voluntário, voltado para a iniciativa privada e com regras mais flexíveis.
E por fim, mas não menos importante, aguarda sanção presidencial o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), que garante a ampliação dos projetos de desenvolvimento sustentável implantados no Brasil, fomentando a obtenção de financiamentos no mercado financeiro e permitindo a utilização de créditos detidos pelas empresas junto à União para realização dos investimentos.
10. Rastreabilidade bovina
No dia 17 de dezembro, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, lançou o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos. A iniciativa tem como principais objetivos qualificar e aprimorar a rastreabilidade ao implementar um sistema de identificação individual que permitirá acompanhar e registrar o histórico, a localização atual e a trajetória de cada animal identificado.
O Plano, liderado pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), contou com a participação de entidades do setor privado. A implementação será gradual e ocorrerá ao longo dos próximos sete anos. Entre 2024 e 2026, será construída a base de dados nacional. Entre 2027 e 2029, terá início a identificação individual dos animais, com a previsão de atingir todo o rebanho brasileiro até 2032.
A iniciativa representa um avanço fundamental para a rastreabilidade animal no Brasil, trazendo benefícios significativos à sanidade e à segurança agropecuária do país, além de também contribuir para a competitividade da proteína brasileira no comércio global.
Fonte: DATAGRO
30/12/2024
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